O que não está solucionado no coração

31 10 2007

Seja paciente com tudo que não há solucionado em seu coração
E procure amar as próprias perguntas.
Não procure as respostas que não lhe podem ser dadas
Porque não poderia vivê-las
E o que importa é viver tudo
Viva as perguntas agora
Talvez gradativamente e sem perceber
Chegue a viver algum dia distante as respostas. (R.M.Rilke)





Hei

30 10 2007

“Uma coisa:
Tem tanto que você não sabe sobre mim – coisas que eu não te contei – por exemplo, que eu tenho uma família, que eu acredito que exista um Deus, que um dia eu fui criança – e que eu já me apaixonei duas vezes e que nenhuma delas durou. Mas o que importa isso, no final, se você está sozinho? Qual é a nossa memória? Qual é a nossa história? Até que ponto uma parte de nós é a paisagem e até que ponto nós somos parte dela?”
(pg. 123, “Life After God”, Douglas Coupland)

 Acho que boa parte daquilo que nós somos de verdade está estampado na nossa cara e fica ainda mais claro e nítido em 5 ou 10 minutos de conversa. Por isso, pode vir o Papa me dizer que a gente precisa se resguardar, que não me importa. Eu sou o que sou em qualquer lugar e com qualquer pessoa. E não acho que seja útil pra minha vida ficar se segredinhos ou não permitir que ninguém saiba nada a meu respeito. Em resumo: eu não sinto medo algum de me mostrar. Por mais dark que seja meu lado de dentro.





Viver

29 10 2007

“Não saber de si é viver. Saber mal de si é pensar. Saber de si, de repente, como neste momento lustral, é ter subitamente a noção da mónada íntima, da palavra mágica da alma.” Fernando Pessoa

Parece que a cada dia que passa, as perguntas aumentam, as incertezas se multiplicam e as interrogações proliferam. Mas não tenho medo. Já passei por coisa pior. Esse processo duro de auto-conhecimento na marra é complicado.  Se for verdade o que diz o Pessoa, então, de um jeito ou de outro, eu vivo. Porque não sei muita coisa a meu respeito. E porque, para cada certeza, são mil e uma incertezas.

 





Solidão

26 10 2007

“A solidão não é precisamente estar sozinho, mas talvez comece por ser esta cada vez menor capacidade que o homem tem de estar consigo próprio. Dou-me muito bem comigo. Muitas vezes faço questão em estar sozinho. Sou capaz de manter conversas infindáveis por dentro da noite com os livros que leio e as coisas em que vou pensando.” (Eugénio de Andrade, poeta português – achei essa frase no site http://palavraguda.wordpress.com)

 





25 10 2007

“Sexo disfarçado de amor, amor disfarçado em sexo”. (Almost Famous)

 





Clarice Lispector sabia das coisas

23 10 2007

‘Quando fazemos tudo para que nos amem…e não conseguimos, resta-nos um último recurso, não fazer mais nada. Por isto digo, quando naõ obtivermos o amor, o afeto ou a ternura q havíamos solicitado…melhor será desistirmos e procurar mais adiante os sentimentos que nos negaram. Não façamos esforços inúteis, pois o amor nasce ou não espontaneamente, mas nunca por força da imposição. Às vezes, é inútil esforçar-se demais…nada se consegue; outras vezes, nada damos, e o amor se rende a nossos pés. Sentimentos são sempre uma surpresa. Nunca foram uma caridade mendigada, uma compaixão ou um favor concedido. Quase sempre amamos a quem nos ama mal, e desprezamos quem melhor nos quer. Assim, repito, quando tivermos feito tudo para conseguir um amor, e falhado, resta-nos um só caminho…o de nada mais fazer.’(Inutilidade – Clarice Lispector)

 





O amor não é pro teu bico

16 10 2007

Se eu tivesse poderes mediúnicos, conversaria com o Caio Fernando Abreu.  Que dúvida. Mas, sabe, algo me diz que ele me falaria coisas meio rudes, sei lá, tipo “Sossega, que o amor não é pro teu bico”.

Eu queria que o amor fosse pro meu bico. Porque é legal ter alguém em quem pensar. Alguém que te peça conselhos e te dê beijos em todas as partes do corpo. Alguém que te busque no trabalho com um sorrisão e te encontre sempre com um abraço de urso. Alguém que te dê um apelido e te dê carinho. Alguém que te mande torpedos de madrugada, na insônia, na chuva. Alguém que abstraia todos os teus defeitos e exalte todas as tuas qualidades. Alguém que converse contigo e te faça esquecer o significado da palavra solidão.

Porque é bom ter alguém. Porque é bom se sentir querido. Amado. Adorado. Endeusado. Idolatrado.

Virei pedra e entendi porque a solidão é a experiência mais universal de todas. A solidão é muito sacana. Num dia, ela te deixa eufórico, pensando nessa liberdade possível de não dever satisfação a ninguém e nessa possibilidade infinita de realizar todas as tuas vontades. Mas, no outro dia, a solidão te dá uma rasteira daquelas bem dadas. E te faz cair na real. Tu estás só feito um cão de rua, meu filho. Ninguém te ama, ninguém te quer, ninguém te conhece, ninguém tem acesso à tua alma. Tuas neuras são só tuas, e parece que nada nem ninguém preenche esse vazio.

Eu queria ser daquelas pessoas que se encantam por todo mundo, mas não sou. Me encanto tão raramente que dói, porque é um saco não sentir encanto, não sentir frio na barriga, às vezes não sentir nada, me sentir um robô. É um saco. Talvez eu tenha me condicionado a não sentir mais nada.

Hei, I’m so fucking lonely these days. Lonely across the universe, baby. Lonely,lonely,lonely.

 





Caio Fernando Abreu

15 10 2007

“Muito bem, parabéns: você tá na idade. Mas anota aí pro teu futuro cair na real: essa sede, ninguém mata. Sexo é na cabeça: você não consegue nunca. Sexo é só na imaginação. Você goza com aquilo que imagina que te dá o gozo, não com uma pessoa real, entendeu? Você goza sempre com o que tá na sua cabeça, não com quem tá na cama. Sexo é mentira, sexo é loucura, sexo é sozinho, boy.” Caio F Abreu,always.