Pra pensar…

16 04 2008

Ontem passei um bom tempo lendo/re-lendo revistas de moda, e juro pra vocês que algumas expressões usadas me irritam bastante. “Must have”. “It- qualquer-coisa”. “Tendência”. Parece que a mensagem é: temos que ter tudo. Must have, must have everything!!!

Me pergunto porque uma pessoa que possui um salário dentro dos padrões brasileiros consome esse tipo de informação. Sadismo? Então vou parar no blog da Maria Prata onde ela fala da necessidade de se democratizar o acesso à moda aqui na terra tupiniquim. Apóio 100%! Qual é a graça de ficar admirando bolsas milionárias que nunca vamos ter? Qual o propósito de namorar sapatinhos encantadores que custam 3 meses de salário? E, pior de tudo, qual o objetivo de comprar falsificações dessas coisas todas? Como diria o Caco Antibes ( ho ho ho), coisa de pooooooooooooooooobre. Ta, mas, e quem não é rico faz o que? Se mata? Corta os pulsos por não poder comprar na Daslu? Sente ódio mortal de tudo o que possui no armário?? Ou manda ver na 25 de março e finge que seus itens “Armani”, “LV”,”Cartier” são, hmmmm… originais (cof cof cof cof)?

Será que não estamos ficando cínicas demais? ( e incluam-se nesse NÓS da frase todas as mocinhas que não são herdeiras de nada, que não casaram com um sheik árabe, que não ganharam na mega-sena muito menos embolsam uma fortuna de salário todo mês!)… Adoro revistas de moda, mas sei que 99% do que está ali encontra-se totalmente fora do meu alcance. Então, leio pra quê? Basicamente, pra ver o que me agrada em termos de roupas e o que será ‘copiável’ pela minha querida costureira. Mais ainda, pra ficar sabendo das últimas novidades em make-up (mil vezes mais acessíveis $$$ falando!).

Acho meio nojento quando as pessoas começam a agir/falar/escrever como se o resto do mundo fosse pouca coisa por não saber qual é a it-bag (arrrggghhh) da semana, qual é o modelo de Loubotin mais up-to-date do mês( Ah, você não sabia que Jimmy Choo é soooo last week? |aaarrrgghhh|), qual é a marca de maquiagem mais cara ever que toooodo mundo deveria ter. Além de cínicas, ficamos cegas??

Sério, gente. Futilidade mata. E daí se não carregamos mil marcas na cara, nos braços, nas pernas? E daí se essas coisas todas são um luxo? Sério, e daí?  Pelado, todo mundo é igual. Pensando nesse festival de baboseiras, realmente fico achando cada vez mais genial aquela propaganda do Mastercard. “Tem coisas que o dinheiro NÃO compra. Para todas as OUTRAS, existe Mastercard!”.


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5 responses

16 04 2008
alda

Concordo em muito c/ esse post, oque vemos nas revistas de moda tem que servir de “inspiração” e não de “piração”…
parabéns pelo blog, já sapiei bastante nele e até surrupiei um texto do Pablo Neruda chamado Proibido, muito lindo.
bjão
Alda

16 04 2008
barbararesende

Nossa, fiquei chocada com o post. Muito verdadeiro, mesmo, mas porém (lá vou eu), pra quem trabalha ou gosta muito de moda, é natural querer saber das tendências, das it bags e tal porque logo em seguida isso tá sendo copiado por outras marcas e camelôs mundo afora. No meu blog coloquei a sapatilha da tory burch…a primeira vez que vi essa sapatilha foi no comércio da josé paulino em sp, aí vi que estava em várias lojas o mesmo modelo. e vi que tinha até na arezzo..só depois fui descobrir que a original era da marca tory burch e que em ny todo mundo usava…a it bag ou it qq coisa q é carésima agora, logo logo chega ou igual ou mtooo parecida em qq lugar e aí, se vc acha q aquilo combina com vc, dá pra comprar sem estourar o sálário. E juro, bem eu sei o valor que o dinheiro tem! qto às revista, realmente nem tem o que comentar, é pra vc tirar as idéias, saber das novidades e ver coisas bonitas! pra te inspirar! acho que a moda (copiando um episódio de ugly betty) serve pra fazer vc se sentir bem, uma roupa ou uma bolsa ou sapato poderoso pode te fazer sentir muito diferente. bjs!

16 04 2008
Carolina Casanova

Paulita, vc tem toda a razão. Concordo que deve existir mesmo uma democratização da Moda no Brasil. Enquanto isso não acontece, por outro lado, temos sorte de poder contar com boas lojas de departamento. Cada vez mais elas têm bons compradores, antenados, capazes de oferecer não só peças de qualidades, mas tbm o fast-fashion, a tendência, a última moda. Eles têm H&M, Topshop, Mango. Nós temos C&A, Marisa, Renner, Riachuelo, etc.

Mas, acredito que tudo tem um paralelo. Eu por exemplo, gosto muito de alguns termos do vocabulário de moda e uso sempre que posso. Muitas vezes, a definição agrada e cai exatamente em cima do que queremos dizer. Acredito que a velocidade do acesso às informações somada à velocidade da própria indústria da Moda faz nossos olhos absorverem uma quantidade incrível de coisas – é tudo tão rápido e em tanta proporção que inevitavelmente surgem as it-things, wish-lits, must-have, quero-já. No meu caso, vejo tanta coisa legal que é como se eu quisesse dissipar/dividir aquela informação. É claro que nunca vamos ter tudo que os olhos captam, mas acho legal a gente ter esse acesso à informação de Moda.

É inevitável dizer tbm que a linha entre futilidade/informação útil é muito tênue e tbm vai depender de quem escreve e do ponto de vista de quem lê. De qq forma, esse é um ótimo assunto para a reflexão. Como diz Vivienne Westwood: ‘Vamos consumir menos’. Concordo, mas acho o direito à informação fundamental.

Beijo grande

ps. Trabalho no Jornal A Tribuna, de Santos, SP. Semanalmente, temos a AT Revista encartada nas edições de domingo. Faço as seções de Moda, Beleza e Tudo de Bom (compras diversas).

ps2. Se tiver um tempo, ouça Feist. Tenho certeza de que vc vai gostar. É ótimo pra ouvir, sem pensar em nada…

16 04 2008
La Poderosa

Ai meninas, adoro os comentários de vocês!!

O post eu escrevi falando mais pra quem NÃO é do ‘meio’ ou não trabalha com moda…Simples mortais como eu e mais muitasss pessoas, que não têm acesso a esse tipo de informação por causa do trabalho, mas sim por vontade própria.

A linha que separa a futilidade de todo o resto, cabe a nós enxergá-la, não é mesmo?

No fim das contas acho que escrevi o post como um tapa na cara em mim mesma, tipo, ‘fofa, cai na realll,please’, pq várias vezes já me peguei me sentindo A esperta por ler meia dúzia de Vogues, Elles e Allures da vida. Aff.

beijoxxxx

16 04 2008
Carol

Sinceridade rasgada. Amei..

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