Hey,hey,hey!

13 10 2008

 Sweeties, olha que coisa mais fofa. Uma leitora mimooosa de 18 anos me mandou um email (e permitiu que eu reproduzisse aqui) com uma sugestão de post (adoreeeei!! principalmente porque isso me inspira a sentar e escrever!). Lá vai:

“Oi Paula !
Tenho 18 anos e  a auto-estima mais oscilante de universo, e queria muito mudar isso. Não é uma coisa relacionada à minha aparência, é uma coisa generalizada mesmo. Todo dia  penso que a vida tá passando, e to deixando de fazer tanta coisa, sentir tanta coisa, porque  tô preocupada com o que certas pessoas vão achar de mim, ou preocupada com 3kg a mais na balança, ou com o fato de não ter o armário dos sonhos, ou seja, “preocupações” completamente inúteis, que nao me levam a lugar algum!  Me assusta muito a possibilidade de um dia eu acordar com 50 anos de idade e ver que  não fui fiel a mim mesma, que não segui meus instintos, que não fui verdadeiramente feliz…Sei que isso tudo deve ser só TEEN ANGST, e que conforme eu for amadurecendo, vai passar, mas quero muito que isso passe LOGO. Às vezes acho que o simples fato de parar pra analisar tudo isso já um sinal de amadurecimento, de progresso, mas no dia-a-dia ainda sinto que  tenho muito pra aprender! Você mostra que é possível chegar lá, naquele ponto 100% apaixonada por si mesma, mas às vezes fico pensando, será que vai demorar até o dia que eu tenha sua idade pra eu chegar nesse ponto também? Espero que nao demore tanto tempo assim, por isso queria saber mais sobre como você era quando tinha a minha idade, quais eram seus erros, seu acertos…tipo, pensa assim: se eu pudesse escrever uma carta endereçada ao meu “eu” de 18 anos, o que eu escreveria?”
Nem sei por onde começar! A bem da verdade, minha adolescência não foi o bicho em vááários aspectos. Com 18 anos eu também me preocupava com os 3kg a mais ( ahh se pudesse ter de volta o corpinho dos meus 16 years….), me apavorava com o que os “outros” podiam pensar sobre – quase- tudo. E tinha total tendência à auto-destruição! Por isso quando falam em adolescência chego a sentir um arrepio na espinha – não quero me sentir daquele jeito nuuuunca mais! Falta de auto-confiança, medo até da própria sombra, inseguranças mil….Ai! Ninguém merece, né? Concordo contigo que o fato de parar pra analisar isso já é um bom sinal de maturidade (aposto que 75% das suas amigas estão mais preocupadas com gatxinhos e leituras do kamasutra)!! Isso mostra que você já tá aprendendo uma das grandes lições: estar atenta ao agora! Não importa o que vai acontecer com 21,25 ou 27, importa o agora, os seus 18 aninhos. A gente só se dá conta do poder e da beleza da juventude quando não é mais tão jovem. Hoje vejo que naquela época boa parte do meu caráter já estava mais do que formado. Nunca me rendi à turma do “xinaredo” (aqui no RS a gente chama assim mesmo, no resto do país “piriguete” serve, ha ha), por mais que parecesse que eram elas que se divertiam pra valer! Muitas coisas que as minhas “amigas” fizeram com 15 anos, fui fazer com 20, e não me arrependo. Sempre soube que se fizesse algo que sentia lá no fundo que não era o certo, a ressaca moral me derrubaria depois. Confesso que os seriados americanos (em especial “My so called life” e “Dawson’s Creek“) me ferraram de algumas maneiras, porque criei fantasias sobre estudar no exterior (que não se realizaram),sobre turmas de amigos perfeitos (que não existiam) e sobre o cara ideal (que até hoje não encontrei). Engraçado, não??  Uma coisa que aprendi nos meus tempos de adolescente e que acho importantíssima é: não devemos gostar de ficar no buraco. Traduzindo: não é legal curtir depressão. Faça o impossível pra detectar uma deprê no início. E pra cair fora o mais breve possível. Eu adorava curtir uma deprê, me trancar no quarto pra ouvir CD do Renato Russo e choraaaar as pitangas até secar as lágrimas. Patético! Não façam isso. Me arrependo muito de não ter sido mais crítica com várias situações (em especial as familiares). Não tenham medo de botar a boca em pai, mãe, avó. Apontem o dedo, mostrem as falhas, critiquem com força – pode ser aquele chachoalhão necessário que eles tanto precisam e ninguém dá. Não tenham medo de não se adequar à maioria, porque a maioria geralmente é composta por um bando de idiotas sem cérebro que não dá a mínima pra nós. Não tenham medo de se expressar, também. Tenho um grande amigo que me diz que uma das minhas maiores qualidades é conseguir me reinventar sempre que preciso. Em 1999 (acho!), juntei uns catálogos da Forum e da Triton, umas revistas Seventeen, e fiz uma série de envelopes lindíssimos. Daí pensei que precisava de um uso para eles. E então resolvi criar um codinome. Glitter Diva. Escrevi uma série de matérias com esse codinome e mandei pro jornal da cidade, dentro dos envelopes. Gente, foi engraçadíssimoooo! A cidade inteira queria saber quem era a misteriosa Glitter Diva, porque todas as matérias foram publicadas (até que um dia o editor do jornal, muito esperto, descobriu minha identidade secreta, pois fui numa festa coberta de glitter da Lancôme dos pés à cabeça, doiiidaaaaaa!). Em outras palavras, nunca tive medo do meu ridículo, de rir de mim mesma e de tentar ousar aqui e ali (no meu caso, as ousadias sempre foram em doses homeopáticas, mas foram!). Antes que me esqueça, sobre se preocupar com os outros. Isso me apavorava. Deixei de fazer muita coisa por pânico da reação alheia. Até que liguei o botão do “foda-se” e me surpreendi com as reações. Inventava umas makes loucas, pintava as unhas com respingos de umas 5 cores…e o povo vinha curioso querendo saber de onde tinha saído aquilo! Foque-se mais nos elogios do que nas críticas (geralmente as críticas são najice pura,simples e inútil). Sobre preocupações com peso: coma com moderação e começe a gostar de fazer exercícios djá! Uma vez me disseram que laxante era o bicho pra quem queria perder uns quilinhos. Claro que a tapada aqui virou consumidora assídua – até que fui parar no hospital com desequilíbrio eletrolítico desmaiada numa cadeira de rodas, e tive que explicar na frente de 3 médicos gatíssimos que eu abria o saquinho do chá chileno e comia a erva, em vez de tomar o chá. Pode??? Pode! Eu fiz isso! Hahahahaha! Também quase fiquei careca porque não gostava do meu cabelo crespo, que hoje amo de paixão. São coisas que, com 18 anos, parecem o fim do mundo, mas com 27, parecem uma formiguinha de tão pequenas. O processo é longo até podermos chegar ao ponto “100% apaixonada por si mesma“. Demora, é complicado. Cansativo e solitário, também. Nietzsche disse “Torna-te quem tu és“, como se isso fosse facílimo. O auto-conhecimento, pra mim, é a coisa mais complicada que existe. Mas é, também, a mais deliciosa de todas. Traz segurança, alívio, leveza. Por isso, meu conselho é: tire da cabeça todas as preocupações inúteis (como você mesma disse que são) e comece agora a se desvendar, se gostar, se inventar e reinventar. A base da paixão por si mesma é auto-estima (hey hey hey, by cabala), não adianta. Acho que passo a impressão errada aqui, como se eu fosse assim 24 horas por dia, 7 dias por semana. Não tenho vergonha nenhuma de dizer que luto diariamente pra me adorar e ser minha maior fã. Não é fácil. Mas é recompensador, e tenho certeza absoluta que vale muito a pena! O grande barato da vida é ser diferente e celebrar essa diferença com um sorriso no rosto e muito orgulho!
PS: gurias, deixem seus conselhos sobre erros e acertos dos 18 anos aqui,please!!